Portugal possui dois portos de águas profundas; o porto de Sines e o porto de Matosinhos. O porto de Sines foi planeado e construído para receber os super-petroleiros que dobravam a cidade do cabo durante a guerra Israelo - Árabe em que o canal do Suez encontrava-se minado e intransitável obrigando os países do atlântico Norte a construir super-petroleiros para economizar os custos de transporte com economias de escala, contornando o sul de África. Nessa época, Portugal investiu biliões na construção desse porto e de uma gigantesca refinaria destinada a receber todo o crude proveniente dos países do golfo. O fim da guerra abriu o Canal do Suez e destruiu a ideia original aniquilando o projecto de Sines.
Os Super-petroleiros (embora ainda haja alguns) foram desmantelados e substituídos por navios de menor capacidade para poderem enfrentar as limitações dos portos Europeus, destruindo assim a ideia original de um porto destinado a super-petroleiros. Estes navios mais pequenos começaram a dirigir-se para os portos do Norte da Europa, tendo o projecto de Sines ficado adormecido e afundado na própria causa da sua concepção.
A guerra do Ultramar em Angola, Guiné e Moçambique desviava a atenção de Portugal para outros problemas tendo ignorado soluções para o porto de Sines e permitindo que os países do Atlântico Norte aproveitassem o nosso estado letárgico beneficiando com o controle logístico do mar e do seu potencial económico. Começaram a construir super contentores na Coreia do Sul e a dominar o transporte de mercadorias de todo o sub continente hindustânico, extremo-oriente e Australásia.
O império colonial português atingia o fim, a Europa combatia a teimosia de Salazar desejar manter as colónias portuguesas sob administração de uma nação que se encontrava moribunda desviando a atenção de Portugal.
O nosso país não podia olhar o seu próprio posicionamento estratégico, estava de olhos vendados pela diversidade e extensão da sua própria problemática, razão pela qual nunca pudemos olhar o futuro e analisar as soluções para os nossos problemas internos. Chegou a hora de mudar o rumo da história e enfrentar o problema com soluções credíveis, algo que em meu entender Portugal pode fazer, ainda que com alguns escolhos, nos próximos dez anos.
Em apenas dois anos Portugal possui a capacidade de desviar toda a carga do norte atlântico para Sines onde navios como o "Cosco" (na imagem), entram em pleno alto mar, contrariamente ao porto de Southampton, Hamburgo, e sobretudo Roterdão, onde navios como o Cosco e outros da sua classe têm mais dificuldades em entrar do que se entrassem em Sines, elevando o tempo de atracagem, sobretudo no Atlântico Norte, quando em Roterdão há mau tempo navios dessa dimensão têm de ficar 1/2/3 dias ao largo da costa até poderem iniciar as operações complicadas de atracagem, quando o estado do mar não ajuda esse tempo de espera pode subir para 5/7 dias.
Portugal tem um imenso poder, ainda não abordei aqui a parte principal desta estratégia, mas em breve o farei para mostrar ao povo português que o sentimento de dignidade e orgulho da sua história milenar ainda tem um longo caminho para percorrer.
Um abraço aos leitores,
Miguel Martins de Menezes
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